quarta-feira, 3 de junho de 2009

Rato


Seco, vazio, rotundo,
É o teu sorriso que se transforma em asco.
Que incomoda mesmo.

A loucura em que me encontrava,
que permito, tua chegada.

Era mansa, e na mansidão, me entreteve,
me manteve cativa usando dos meus desencontros.
Ao invés de deixar-me ali ensimesmada,
Refletindo a poeira dos antes, nos olhos do depois.

O meu corpo pedia não mais que abrigo
dessas correntes tortuosas em que me afogo.
E o sorriso foi veneno, e o toque, foi facada,
dos que bebi a dor, a colheradas,
como remédio amargo para sarar coração despedaçado.
Que mais adoece do que cura.

Estou rindo. Estou rindo. Gargalhando...
da minha cara.
Me punindo de ceder à insensatez de crer
em olhos que mentiam também sorrindo
na minha cara.
Aos meus olhos.

Como um rato que continua a levar choques
para apanhar o queijo,
que afinal, era de plástico.
Como o devoto que aguarda o milagre divino,
de joelhos ao milho, greve de água, sem respostas.

Como se renuncia às ilusões?
E aceito a frieza como noiva...
Deito-a no meu peito nu e me livro destes...
estilhaços, restos, marcas da ilusão romântica de amor?

Hoje durmo abraçada aos meus cigarros.
Que estes estarão ao lado até o fim.
Do maço.