quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Oh fuck

E por que todas as vezes que alguém me critica a fumaça eu faço questão de re-afirmar muito mais o meu desejo de soprá-la, como se ao xingar um cigarro maldito, a pessoa me ofendesse, uma parte de mim, um dedo a mais, meia-dúzia de princípios éticos que nem ao menos existem, que não circulam de verdade no que penso, acredito mesmo.
É só criancisse. Fumar aqui pra mim é trauma de infância. É viver de um estupro de mim mesma, que eu vou repetindo, repetindo, repetindo...
E se o governador quer fazer campanha, aí que eu não voto mesmo nele, mas já não votaria mesmo antes, porque esse biscatão só põe no rabo dos professores e dos alunos e vem dizer que se preocupa com a saúde dos garçons, usando um paradigma médico muito carente de estudos filosóficos pra justificar o fato de que curte mesmo, estar lá e rebolar na cadeira de rei do Brasil.
E se Deus fala comigo, por que eu não ouço? E desde quando ele quer que eu pare de fumar? Por que é pecado desfrutar todas as sensações prazeirosas das quais, teoricamente, ele mesmo dotou os nossos corpos, à sua imagem e semelhança, da capacidade de sentir? Esse cara é mesmo incoerente, menos que o governador é claro, mas eu ainda assim tenho necessidade de ir com a cara dele.
E de onde meu corpo tirou essa idéia de que escrever sem cigarro não rola? E de que viver sem cigarro não tem graça? e eu converso com minhas terminações nervosas e elas teimam comigo em dar só mais um trago e tem uma luta interna entre elas e os meus pulmões e a garganta, que se alteram tanto e a minha voz... ah! a minha voz. é, aí o bicho pega.
Eu fiquei rouca. E eu quero tanto cantar. E esse cigarro não me deixa, não me deixa em paz. Ele exige mais de mim do que qualquer outra coisa. É como um casamento que tem tanta dependência, um do outro, outro do um. E que as coisas já não são mais as mesmas, mas que não se consegue imaginar uma vida, sem o outro, sem o um. Aqueles amores doentes de casais que nem se reconhecem mais, mas que não conseguem, não conseguem... tão imersos nas neuroses mútuas que criaram, que nem enxergam que são só fantasias.
Eu vou parar por aqui, que tou precisando. tou precisando de um cigarro.